PENTATEUCO KARDEQUIANO

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OBRAS BÁSICAS

quarta-feira, março 28, 2007

Meu anjo da guarda - Paulo Roberto Gaefke.

Meu anjo da guarda decididamente não tem asas, e por mais estranho que possa parecer, depende demais de mim. Isso mesmo, meu anjo da guarda é um anjo às avessas, é um menino carente que não tem onde morar, vive pelas ruas próximas onde eu trabalho.
Já tentamos de tudo para ajudar de uma ou outra forma, mas não conseguimos localizar sua família, e ele não se mostra interessado em ajudar nesse sentido. O que ele gosta mesmo é de rir quando recebe um sorvete ou um doce de nossas mãos, e por mais incrível que possa parecer, nessa pobreza e dificuldade, é muito feliz e seu sorriso conquista todos os que estacionam o carro ali, onde ele toma conta com carinho.
Diz que é o anjo da guarda dos nossos carros, e acreditamos nisso, por isso, todos são generosos e o ajudam com o que podem: cobertores, colchão, brinquedos e até uma bicicleta, que eu mesmo comprei e que fez nosso anjinho de pés sujos sorrir a semana inteira diante do presente inesperado.
Um dia, ao chegar ao estacionamento, bastante chateado pelas brigas constantes no meu lar e que estavam acabando com meu casamento, estranhei a ausência do doce sorriso do meu anjinho de pés sujos. Encontrei-o deitado embaixo da marquise, ardendo em febre agarrado a bicicleta que lhe dei. Imediatamente, esqueci dos problemas, agarrei-o delicadamente e coloquei-o no banco traseiro do carro, instalando-o da maneira mais confortável possível. Levei-o ao pediatra do meu filho, que se assustou um pouco com aquela sujeira toda.
Percebi aflito o quanto gostava daquele menino, e se algo de ruim acontecesse com ele, nem sei o que faria. Passei a noite toda à cabeceira de uma cama com ele no soro e monitorado, ele havia contraído uma pneumonia. Minha esposa veio ao hospital e para meu espanto, segurou nas mãos dele e chorou durante algum tempo, depois me abraçou e ali ficamos agarrados a fé, que nem eu sabia que existia em nós. Foi nesse dia que lembrei de Jesus, daquele Jesus que eu conheci na infância e que fazia orações para agradecer o meu dia. Tive a impressão por alguns momentos que Ele tocava na testa do meu anjinho de pés sujos, e virando-se para mim, sorriu, um sorriso doce e suave que permanece em mim até hoje. Pode ter sido o cansaço, pode ter sido o medo de perder aquela criança, o certo é que tive a sensação de ter visto Jesus, o menino foi curado e isso mudou as nossas vidas.
Percebi aflito o quanto gostava daquele menino, e se algo de ruim acontecesse com ele, nem sei o que faria. Passei a noite toda à cabeceira de uma cama com ele no soro e monitorado, ele havia contraído uma pneumonia. Minha esposa veio ao hospital e para meu espanto, segurou nas mãos dele e chorou durante algum tempo, depois me abraçou e ali ficamos agarrados a fé, que nem eu sabia que existia em nós.Foi nesse dia que lembrei de Jesus, daquele Jesus que eu conheci na infância e que fazia orações para agradecer o meu dia. Tive a impressão por alguns momentos que Ele tocava na testa do meu anjinho de pés sujos, e virando-se para mim, sorriu, um sorriso doce e suave que permanece em mim até hoje. Pode ter sido o cansaço, pode ter sido o medo de perder aquela criança, o certo é que tive a sensação de ter visto Jesus, o menino foi curado e isso mudou as nossas vidas.
Hoje, 20 anos depois, é a formatura do meu anjo da guarda. Entre essas recordações, guardo a data em que conseguimos a adoção definitiva dele, e agora, formando-se em medicina, vai ser anjo da guarda de outros, quem sabe você, ou algum ente querido que precise de atenção e cuidados do Dr. Gabriel, ex-anjinho dos pés sujos.

Paulo Roberto Gaefke. Use e repasse a vontade em sites, blogs ou email, mas, por favor, respeite os direitos autorais e mantenha o nome do autor. Obrigado!

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