PENTATEUCO KARDEQUIANO

PENTATEUCO  KARDEQUIANO
OBRAS BÁSICAS

domingo, dezembro 23, 2012

PALAVRA DE MINISTRO



Chico Xavier será estudado em profundidade após a sua desencarnação. Afirmação semelhante a esta ouvi de alguém, não lembro quem, porém, que vibra em minha mente toda a vez que leio algo referente a Chico ou algumas de suas Obras.

Este é um trabalho de pesquisa nas Obras da Coleção A Vida no Mundo Espiritual, de André Luiz, às Pessoas curiosas: Todas as Obras editadas pela Editora da Federação Espírita Brasileira – FEB.



NOSSO LAR

Ministro Benevenuto:

Na Obra Nosso Lar no capítulo 43, André Luis é apresentado ao Ministro da Regeneração, recém-chegado da Polônia...

Se discutia a situação da esfera terrestre.

“– Muito doloroso o quadro que vimos”– comentava Benevenuto em tom grave –; “habituados ao serviço da paz na América, nenhum de nós imaginava o que fosse o trabalho de socorro espiritual nos campos da Polônia. Tudo obscuro, tudo difícil. Não se podem, ali, esperar claridades de fé nos agressores, tampouco na maioria das vítimas, que se entregam totalmente a pavorosas impressões. Os encarnados não nos ajudam, apenas consomem nossas forças. Desde o começo do meu Ministério, nunca vi tamanhos sofrimentos coletivos”.

– E a comissão demorou-se muito por lá? – perguntou um dos companheiros com interesse.

“– Todo o tempo disponível” – ajuntou o Ministro. “O chefe da expedição, nosso colega do Auxílio, julgou conveniente permanecermos exclusivamente atidos à tarefa, para enriquecermos observações e melhor aproveitar a experiência. Com

efeito, as condições não poderiam ser melhores. Acredito que nossa posição está muito distante da extraordinária capacidade de resistência dos abnegados servidores espirituais que ali se encontram de serviço. Todas as tarefas de assistência imediata funcionam perfeitamente, a despeito do ar asfixiante, saturado de vibrações destruidoras. O campo de batalha, invisível aos nossos irmãos terrestres, é verdadeiro inferno de indescritíveis proporções. Nunca, como na guerra, evidencia o espírito humano a condição de alma decaída, apresentando características essencialmente diabólicas. Vi homens inteligentes e instruídos localizarem, com minuciosa atenção, determinados setores de atividade pacífica, para o a que chamam ‘impactos diretos’. Bombas de alto poder explosivo destroem edifícios pacientemente edificados. Aos fluidos venenosos da metralha, casam-se as emanações pestilentas do ódio e tornam quase impossível qualquer auxílio. O que mais nos contristou, porém, foi a triste condição dos militares agressores, quando algum deles abandonava as vestes carnais, compelido pelas circunstâncias.

Dominados, na maioria, por forças tenebrosas, fugiam dos Espíritos missionários, chamando lhes a todos ‘fantasmas da cruz’.

– E não eram recolhidos para esclarecimento justo? – inquiriu alguém, interrompendo o narrador.

Benevenuto esboçou um gesto significativo e respondeu:

“– Será sempre possível atender aos loucos pacíficos, no lar; mas que remédio se reservará aos loucos furiosos, senão o hospício? Não havia outro recurso para tais criaturas, senão deixá-las nos precipícios das trevas, onde serão naturalmente compelidas a reajustar-se, dando ensejo a pensamentos dignos. É razoável, portanto, que as missões de auxílio recolham apenas os predispostos a receber o socorro elevado. Os espetáculos entrevistos foram, portanto, demasiadamente dolorosos, por muitas razões.”

Valendo se de ligeiro intervalo, outro companheiro opinou:

– É quase incrível que a Europa, com tantos patrimônios culturais, se tenha abalançado a semelhante calamidade.

“– Falta de preparação religiosa, meus amigos” – definiu o Ministro com expressiva inflexão de voz –, “não basta ao homem a inteligência apurada, é-lhe necessário iluminar raciocínios para a vida eterna. As igrejas são sempre santas em seus fundamentos e o sacerdócio será sempre divino, quando cuide essencialmente da Verdade de Deus; mas o sacerdócio político jamais atenderá a sede espiritual da civilização. Sem o sopro divino, as personalidades religiosas poderão inspirar respeito e admiração, não, porém, a fé e a confiança”.

– Mas, o Espiritismo? – perguntou abruptamente um dos circunstantes. Não surgiram as primeiras florações doutrinárias na América e na Europa, há mais de cinqüenta anos? Não continua esse movimento novo a serviço das verdades eternas?

Benevenuto sorriu, esboçou um gesto extremamente significativo e

acrescentou:

“– O Espiritismo é a nossa grande esperança e, por todos os títulos, é o Consolador da humanidade encarnada; mas a nossa marcha é ainda muito lenta. Trata se de uma dádiva sublime, para a qual a maioria dos homens ainda não possuí ‘olhos de ver’. Esmagadora porcentagem dos aprendizes novos aproxima-se dessa fonte divina a copiar antigos vícios religiosos. Querem receber proveitos, mas não se dispõem a dar coisa alguma de si mesmos. Invocam a verdade, mas não caminham ao encontro dela. Enquanto muitos estudiosos reduzem os médiuns a cobaias humanas, numerosos crentes procedem à maneira de certos enfermos que, embora curados, crêem mais na doença que na saúde, e nunca utilizam os próprios pés.

Enfim, procuram-se, por lá, os espíritos materializados para o fenomenismo passageiro, ao passo que nós outros vivemos à procura de homens espiritualizados para o trabalho sério”.

O trocadilho arrancou expressões de bom humor geral, acrescentando o Ministro, gravemente:

“– Nossos serviços são astronômicos. Não esqueçamos, porém, que todo homem é semente da divindade. Ataquemos a execução de nossos deveres com esperança e otimismo, e estejamos sempre convictos de que, se bem fizermos a nossa parte, podemos permanecer em paz, porque o Senhor fará o resto”.

Nenhum comentário: