Chico Xavier será estudado em profundidade após a sua
desencarnação. Afirmação semelhante a esta ouvi de alguém, não lembro quem,
porém, que vibra em minha mente toda a vez que leio algo referente a Chico ou
algumas de suas Obras.
Este é um
trabalho de pesquisa nas Obras da Coleção A Vida no Mundo Espiritual, de André
Luiz, às Pessoas curiosas: Todas as Obras editadas
pela Editora da Federação Espírita Brasileira – FEB.
NOSSO LAR
Ministro
Benevenuto:
Na Obra Nosso
Lar no capítulo 43, André Luis é apresentado ao Ministro da Regeneração,
recém-chegado da Polônia...
Se discutia a
situação da esfera terrestre.
“– Muito
doloroso o quadro que vimos”– comentava Benevenuto em tom grave –; “habituados
ao serviço da paz na América, nenhum de nós imaginava o que fosse o trabalho de
socorro espiritual nos campos da Polônia. Tudo obscuro, tudo difícil. Não se
podem, ali, esperar claridades de fé nos agressores, tampouco na maioria das
vítimas, que se entregam totalmente a pavorosas impressões. Os encarnados não
nos ajudam, apenas consomem nossas forças. Desde o começo do meu Ministério,
nunca vi tamanhos sofrimentos coletivos”.
– E a comissão demorou-se
muito por lá? – perguntou um dos companheiros com interesse.
“– Todo o tempo
disponível” – ajuntou o Ministro. “O chefe da expedição, nosso colega do
Auxílio, julgou conveniente permanecermos exclusivamente atidos à tarefa, para
enriquecermos observações e melhor aproveitar a experiência. Com
efeito, as
condições não poderiam ser melhores. Acredito que nossa posição está muito
distante da extraordinária capacidade de resistência dos abnegados servidores espirituais
que ali se encontram de serviço. Todas as tarefas de assistência imediata funcionam
perfeitamente, a despeito do ar asfixiante, saturado de vibrações destruidoras.
O campo de batalha, invisível aos nossos irmãos terrestres, é verdadeiro
inferno de indescritíveis proporções. Nunca, como na guerra, evidencia o espírito
humano a condição de alma decaída, apresentando características essencialmente
diabólicas. Vi homens inteligentes e instruídos localizarem, com minuciosa
atenção, determinados setores de atividade pacífica, para o a que chamam ‘impactos
diretos’. Bombas de alto poder explosivo destroem edifícios pacientemente
edificados. Aos fluidos venenosos da metralha, casam-se as emanações
pestilentas do ódio e tornam quase impossível qualquer auxílio. O que mais nos
contristou, porém, foi a triste condição dos militares agressores, quando algum
deles abandonava as vestes carnais, compelido pelas circunstâncias.
Dominados, na
maioria, por forças tenebrosas, fugiam dos Espíritos missionários, chamando
lhes a todos ‘fantasmas da cruz’.
– E não eram
recolhidos para esclarecimento justo? – inquiriu alguém, interrompendo o
narrador.
Benevenuto esboçou
um gesto significativo e respondeu:
“– Será sempre
possível atender aos loucos pacíficos, no lar; mas que remédio se reservará aos
loucos furiosos, senão o hospício? Não havia outro recurso para tais criaturas,
senão deixá-las nos precipícios das trevas, onde serão naturalmente compelidas
a reajustar-se, dando ensejo a pensamentos dignos. É razoável, portanto, que as
missões de auxílio recolham apenas os predispostos a receber o socorro elevado.
Os espetáculos entrevistos foram, portanto, demasiadamente dolorosos, por
muitas razões.”
Valendo se de
ligeiro intervalo, outro companheiro opinou:
– É quase
incrível que a Europa, com tantos patrimônios culturais, se tenha abalançado a
semelhante calamidade.
“– Falta de
preparação religiosa, meus amigos” – definiu o Ministro com expressiva inflexão
de voz –, “não basta ao homem a inteligência apurada, é-lhe necessário iluminar
raciocínios para a vida eterna. As igrejas são sempre santas em seus
fundamentos e o sacerdócio será sempre divino, quando cuide essencialmente da
Verdade de Deus; mas o sacerdócio político jamais atenderá a sede espiritual da
civilização. Sem o sopro divino, as personalidades religiosas poderão inspirar respeito
e admiração, não, porém, a fé e a confiança”.
– Mas, o
Espiritismo? – perguntou abruptamente um dos circunstantes. Não surgiram as
primeiras florações doutrinárias na América e na Europa, há mais de cinqüenta
anos? Não continua esse movimento novo a serviço das verdades eternas?
Benevenuto
sorriu, esboçou um gesto extremamente significativo e
acrescentou:
“– O Espiritismo
é a nossa grande esperança e, por todos os títulos, é o Consolador da
humanidade encarnada; mas a nossa marcha é ainda muito lenta. Trata se de uma
dádiva sublime, para a qual a maioria dos homens ainda não possuí ‘olhos de ver’.
Esmagadora porcentagem dos aprendizes novos aproxima-se dessa fonte divina a
copiar antigos vícios religiosos. Querem receber proveitos, mas não se dispõem
a dar coisa alguma de si mesmos. Invocam a verdade, mas não caminham ao
encontro dela. Enquanto muitos estudiosos reduzem os médiuns a cobaias humanas,
numerosos crentes procedem à maneira de certos enfermos que, embora curados,
crêem mais na doença que na saúde, e nunca utilizam os próprios pés.
Enfim, procuram-se,
por lá, os espíritos materializados para o fenomenismo passageiro, ao passo que
nós outros vivemos à procura de homens espiritualizados para o trabalho sério”.
O trocadilho
arrancou expressões de bom humor geral, acrescentando o Ministro, gravemente:
“– Nossos
serviços são astronômicos. Não esqueçamos, porém, que todo homem é semente da
divindade. Ataquemos a execução de nossos deveres com esperança e otimismo, e
estejamos sempre convictos de que, se bem fizermos a nossa parte, podemos
permanecer em paz, porque o Senhor fará o resto”.
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