PENTATEUCO KARDEQUIANO

PENTATEUCO  KARDEQUIANO
OBRAS BÁSICAS

terça-feira, novembro 21, 2017

ATRIBUTOS DE DEUS

A PLURALIDADE DOS MUNDOS HABITADOS
4ª EDIÇÃO, PÁGINA 106
CAMILLE FLAMMARION    ( * 26 FEV 1842  + 04 JUN 1925 )
“O POETA DOS CÉUS”          

ATRIBUTOS DE DEUS

[...]
Malgrado nossa incapacidade de conhecê-lo e nossa fraqueza diante d'Ele, afirmamos o Ser supremo. Nós não o compreendemos mais que o inseto compreende o Sol; não sabemos nem quem Ele é, nem como Ele é, nem por que modo Ele age, nem o que é Sua presciência e Sua ubiquidade; não sabemos nada, absolutamente nada d'Ele; melhor dizendo: nada podemos saber, porque somos a sombra, e Ele é a luz, porque nós somos o finito e Ele é o infinito. Seu esplendor ofusca nossa retina demasiado fraca; Sua maneira de ser é incognoscível para nosso pobre entendimento; as condições de Sua realidade são inacessíveis à nossa compreensão limitada, a ponto de nenhuma ciência parecer elevar-nos ao Seu conhecimento. É verdade, segundo a palavra célebre de Bacon, que pouca ciência afasta de Deus, e muita ciência, a Ele remete; mas não é verdade que uma ciência ou outra algum dia poderá nos fazer conhecer a Natureza do Ser incriado. Em uma só palavra, Ele é o Absoluto, e nós apenas somos, conhecemos e podemos conhecer relativos. É nos fortemente impedido criar uma imagem  de Deus; é uma impossibilidade inerente a nossa própria natureza. Não, não sabemos nada d'Ele; mas nós O contemplamos lá no alto, do fundo de nosso abismo, e apenas pensar em Sua eterna existência nos aterra e nos aniquila; mas nós O vemos clara e distintamente sob todas as formas dos seres, escutamos Sua voz em todas as harmonias da Natureza, e nossa lógica quer uma causa primeira e uma causa final nas obras criadas.
Não quereis uma causa primeira, porque um nada anterior à criação vos pareceria incompreensível, e daí concluís a eternidade do mundo; não quereis causa final, porque a causalidade final permanece misteriosa e obscura, e conduz o homem a erros manifestos. Mas o que é que chamais e que todos nós chamamos de causas finais? Crede de boa-fé que as verdadeiras causas finais e o verdadeiro destino dos seres sejam os que alimentamos em nossos pequenos cérebros? Crede de boa-fé que o plano geral do imenso Universo possa ser conhecido por nós, pobres átomos? Ainda confundis a ordem universal dos seres com vossos sistemas de classificação? Não imaginais que o homem e toda sua história, toda sua ciência, todo seu destino aqui, não é mais que o jogo efêmero de uma libélula esvoaçando por um instante sobre o oceano sem limite do espaço e do tempo, e que, para julgar as coisas em sua ordem verdadeira, ser-nos-ia preciso conhecer o conjunto do mundo?

[...]

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